Artigo: Não mexa no silêncio se não puder lidar com o barulho (Feliz Ano Novo)

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Por: Gustavo Girotto e Raphael Anselmo*

Misturar incompetência administrativa, paixões políticas e desrespeitar a vontade do povo – seja ela, diferente da sua (nossa) – é passar um atestado de estupidez. Aos lamuriosos pedidos de golpe e atentados contra a democracia, o caminho deve ser punição dura, no rigor da lei.

O que o atual presidente Lula – que ainda nem assumiu o cargo, tem a ver com atos de incompetência administrativa de Taquaritinga? Qual seria a obrigação do evocado nas redes sociais, Dimas Ramalho – uma das maiores representatividades locais, em corrigir erros que não são de sua competência, – e muito menos provocados por ele [Dimas]? Nota de rodapé: Dimas é, reconhecidamente, um dos melhores ativos em termos de representatividade – mesmo em silêncio (quando provocado), ele diz muito.

Quem não é fiel ao relembrar fatos passados, que não compreende suas referências e suas origens, perde a chance de reparar erros históricos. Quando a questão dos precatórios esteve endereçada em discussão no Legislativo, o saudoso Chigueo Kamada fora um dos únicos que combateu com propriedade e tecnicismo os termos. Infelizmente, ele [Chigueo] naquele momento, foi voto vencido. Mas avisou dos riscos da dívida. Vale, portanto, pesquisar quem gerou esse infindável passivo e a que grupo político pertence. Esse é o ponto de partida.

E que fique claro: Lula venceu no voto e, qualquer incitação a atos golpistas, é jogar fora das quatro linhas. Protestos que pedem intervenção militar e atacam a própria Constituição – não estão protegidos pelo direito à liberdade de expressão. Manifestantes que exercem cargos públicos e se insurgem contra o Estado: também podem responder a processos administrativos e sofrer punição.

Essas reações obtusas, que passam desde atos em frente ao Tiro de Guerra (TG) -, até na tentativa desconexa de tentar imputar responsabilidade de problemas locais em redes sociais ao atual presidente eleito (que ainda nem assumiu), é o revelation tea de uma personalidade: os que não aceitam a derrota; e os que não sabem o que estão fazendo. É como se enxugar com a toalha do Bolsonaro, em um ato frágil de pseudo-masculinidade.

Por alucinação, nos últimos anos, muitas pessoas se apropriaram em narrativas de mentiras de WhatsApp. Há um movimento bolsonarista, não um partido organizado, que é cristão-conservador, que defende maior acesso a armas, idolatra a cultura norte-americana, exalta ditadura, acredita na pureza moral de Bolsonaro e crê em uma conspiração de urnas eletrônicas. Delírios trepidantes, que ganham ruídos musicais desconexos.

Lula prometeu aumento real dos salários, algo que o brasileiro não conhece desde 2017. Bolsonaro, a procura de um respingo de dignidade, apenas agora, aprovou aumento de 1,5% acima da inflação. O fomento da industrialização foi uma marca dos governos Lula 1 e 2 – também deverá se repetir no terceiro mandato -, o que pode ser uma dor de cabeça aos empresários e políticos arcaicos que, ao som de Ray Coniff, torcem o nariz para novas indústrias a fim de não permitir o aumento do salário na cidade e, consequentemente, perder a mão de obra barata.

Por fim, aceitem a derrota, vão pra casa, lambam as feridas e torçam pelo Brasil. E, no cenário local, como cantou  Ray Coniff em All The Way – “It doesn’t take a genius” (não é preciso ser um gênio) para entender a vontade de mudança do povo. Como diz o velho ditado: não mexa no silêncio se não puder lidar com o barulho. (Feliz Ano Novo).

*Gustavo Girotto é jornalista.

**Raphael Anselmo é economista.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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